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Archive for outubro \17\-03:00 2019

©Vlademir Alexandre

Não acabado, viver é continuidade, movimento, se perceber e perceber outro lugar, correr campo aberto de plantações, geografias humanas que se afastam do cotidiano das cidades, por certo é que podemos entender melhor o lugar aparente estranho, quando estamos nele, porém, é de permitir que todos os censos nos ampliem a capacidade de apreensão. Descobrir as nuances das diversas expressões humanas e naturais, ouvir, sentir, experimentar, refletir.

As condições para entender o processo de imersão quase sempre imprescindível a um encontro com um lugar fora, que em algum ponto permite olhar para dentro de outro ângulo. Nasce aí a construção do olhar inteiro, entregue a uma sensibilização promovida intensa e possível de ser e afirmar identitária, bela de uma propriedade intelectual afirmativa.

O litoral posto que olhado de dentro dele e da gente, esse foi o desafio proposto.

Nada está garantido quando se entrega a sorte do caminho desconhecido, porém, o caminho é sempre o que mais nos aponta quão rico é sair do lugar comum na obviedade segura, da mesmice.

O que volta, não é apenas o que vai conosco, nos torna abastecidos de preciosos sentidos reformulando as experiências com a bagagem que cada um se propõe carregar.

©Vlademir Alexandre

Aqui onde chegamos, as margens do mar, adentro o sertão, ouçamos o ato arado e dedicado a terra para alimentar e produzir, a condição humana, coletiva e solidária, assim, nos propusermos a abrir nossas sempre ansiosas expectativas de construção do olhar íntimo e da aprendizagem, do pensamento a partir da narrativa fotográfica a outros que possam e queiram um mundo além do imediato. Como falar não apresenta em si só possível em dar conta da experiência. Abrimos a porta de nossa vontade de compartilhar essa construção imanada de possibilidades enriquecidas na coletividade.

Retomamos assim um projeto que ficou no tempo de sua maturação concedendo a cada um de nós os motivos de entender a importância de continuar a caminhar.

Para tanto nos propusermos aos desafios da convivência, foram 24 participantes acreditando no espírito proposto pelo coletivo Fixar de cortejar o incerto sem se perder do princípio e como amantes da imagem, nos permitimos as benesses de estar com a parceria da Urca do Tubarão como mais que um lugar de descanso, um ponto alto em experimentar um acolhimento com tantas particularidades especiais.

©Vlademir Alexandre

Nosso almoço com alimentos, todos de produção agroecológica, livre de defensivos químicos, produzidos pelos camponeses do MST nas terras do assentamento Maria Aparecida e ao som de um trio de forró de Dex do acordeom, ainda, com a participação sempre marcante do Duda da boneca, membro do coletivo Fixar e enriquecido com um bate papo sobre a luta pela terra no sentido de entender os princípios desse movimento social e a convivência com a região.

Saímos cada um com uma semente de saber no lugar que define o que quase sempre nos apontam a distância.

©Vlademir Alexandre

Ainda, e por que não viver o calor emotivo que um pôr do sol em Tourinhos, proporcionar o que todo corpo pede e o que toda mente almeja quando deixa suave o brilho da manhã banhando de luz a língua do mar, que nos banha, que nos encanta contemplar.

Nossas buscas de surpresas programadas encontraram na manhã seguinte a caminhada como exercício do olhar sobre a busca de animais silvestres, e de construir novos olhares sobre a fotografia de paisagem, vendo as nuances mais sútis as coisas de fora mudam dentro de nós.

©Vlademir Alexandre

©Vlademir Alexandre

Retomamos lindamente o projeto de expedições fotográficas, peito cheio, cabeças leves, corações a pleno pulso, uma sensação de acolhimento coletivo uma fotografia que nasce antes do clique e encontra para a memória dos momentos e das coisas um suporte a fixar.

 

Vlademir Alexandre

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Os tempos impõe intempéries, as despedidas, as mais duras, o que depara em rompante, nos delimita, ferida aberta, nos exige curar as saudades transformando-se em olhar atento, o amor que não reparte, inteiro e sólido segue firme e guia o legado de tudo que se constrói em seu nome.

Essa é a primeira publicação após a despedida de Dalvanir desse plano terreno. Eu que lhe acompanhei por 17 anos, vi nascer o projeto Além do mar compartilhando nossos anseios de um mundo em que nossa intervenção pudesse somar a ideais humanistas solidários e de respeito a cultura tradicional, na essência das populações, das comunidades tradicionais, de suas riquezas regionais e culturais, a agricultura familiar como alicerce e nesse princípio sem amarras nos pusemos a desvendar os lugares por suas propriedades mais íntimas em uma troca de vivências. Ela vinda do campo para a cidade e eu da cidade passei a viver o campo, para tanto, esse ciclo vital pulsou nossas vidas impulsionando nossa forma.
Agora retomo esse caminho que nunca será só. Acompanhado de espírito e do legado de Dalvanir, ainda, acrescendo afetos de tanta gente que se somou no caminho, amor é vento que sopra e tudo que move é ele mesmo se manifestando sem cessar, são construções que edificam a vida e o que transcende a ela mesma, é tudo maior.
Olhar a diante, com companhia dos que compartilham desejos e ideais, levar e perceber das riquezas do mar e do que além dele estará. O intuito de ir além do mar sem ignorar nada que se some a caminhada.
Mas, e sempre por respeito às pessoas que hoje não compõem na forma física neste plano terrestre, possamos resistir e espalhar continuamente a grandeza de suas existências e exemplos do bem, do respeito, da troca mútua da dignidade humana, dos ideais de justiça e afirmando direitos sociais conquistados sob o brilho do exemplo.
Dalvanir Avelino da Silva, nome banhado na eternidade de seu legado. A quem teve o privilégio de sua companhia, alegremos nossos tempos em sua memória. Aos que não puderam viver tão rica dádiva de Deus, carregamos em nossos melhores atos o aprendizado desse amor, emancipados e nessa condição de sementes, todos iluminados por ela levaremos aos confins o que de Dalvanir sempre haverá em nós, fertilizando nos campos do saber e espíritos de todos que encontraremos nessa jornada.

Vlademir Alexandre

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